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"RIO DAS FLORES"

Quarta-feira, 21.05.08

 

Miguel Sousa Tavares, jornalista, escritor, comentador político, entre muitas outras coisas, habituou-nos, desde sempre, ao seu estilo inconfundível de contundência e parcialidade. Contudo, é inegável que este portista ferrenho, nascido no Porto, ficará para sempre ligado aos anais da literatura portuguesa como o homem que marcou, no princípio do século XXI, a escrita nacional com uma forte componente histórico - romanesca. 

 

Depois de "Equador", um dos maiores sucessos de vendas dos últimos anos, é a vez de "Rio das Flores".

 

Neste magnífico romance histórico, Sousa Tavares dá-nos a conhecer a história de uma família burguesa ao longo de quatro décadas.

 

Estremoz, Brasil e Espanha são pontos de passagem obrigatórios para os Ribera Flores, uma família de latifundiários de origem alentejana que tentaram sobreviver às conturbações políticas, sociais e económicas do final da 1ª República e início e consolidação do Estado Novo.

 

A história gira em torno de dois irmão. Diogo, um homem agarrado às suas raízes, mas com uma enorme ânsia de liberdade, que vive sufocado pela mesquinhez dum país sem futuro, sem sonho de liberdade; e Pedro, um homem capaz de dar a vida pela defesa da família, dos valores tradicionais e da Pátria.

 

Ao longo da história, Miguel Sousa Tavares dá-nos a conhecer um mundo onde impera a ausência de liberdade, a hipocrisía e desconfiança que tanto caracterizam o regime fascista de Salazar.

 

Um romance histórico de ler e chorar por mais, que se lê de uma "pernada".

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publicado por Criatura da Noite às 17:32

FANTASMAS

Domingo, 18.05.08

Numa altura em que o fantasma do desemprego paira sobre a minha vida, tento manter o corpo e a mente ocupados, através duma obstinada incursão cibernáutica, buscando oportunidades de emprego onde elas não passam de mera virtualidade.

 

A falta de perspectivas profissionais, aliada à solidão que tanto me caracteriza, acabaram por tornar-se uma mistura explosiva invisível aos olhos dos que me rodeiam.

 

Olho ao meu redor e vislumbro os meus amig@s construíndo uma vida profissional, amorosa e até social, e eu, no alto dos meus 31 anos, vou ficando para trás, percorrendo os caminhos de um mundo vrtual, alimentando o desejo íntimo do tão ansiado "encontro".

 

Para quê continuar alimentar uma ténue esperança, mesmo sabendo de antemão que o amor, apenas bafeja os privilegiados...?

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publicado por Criatura da Noite às 12:23

A MULHER DOS MEUS SONHOS

Terça-feira, 06.05.08

Há sonhos que parecem realidade...

 

Era uma tarde cinzenta. O sol teimava em aparecer mas, de quando em vez, dava um ar da sua graça.

 

De repente, lá estava ela. Cabelo ondulado, magra, vestida de escuro e um sorriso deslumbrante. Era motorista e encontrávamo-nos no seu local de trabalho, um terminal rodoviário, algures no distrito de Lisboa.

 

A primeira vez que os meus olhos pousaram nos dela, senti que era a mulher que, desde sempre, procurara. Simultaneamente, senti que, mais uma vez, não teria qualquer hipótese. Sempre fora assim. Desta vez, porque seria diferente?

 

Contrariando os meus sentimentos, tentei falar com ela e mesmo não obtendo a sua atenção, tomei coragem e dei-lhe o meu número de telemóvel e o meu e-mail. Quem sabe se ela tomaria o meu gesto em consideração... 

 

Por obra e graça dos deuses, de repente, observei-me a subir as escadas do seu prédio, enquanto falava do seu filhote. Passou o braço pelo meu pescoço e eu, carinhosamente, rodeei-lhe a cintura.

 

Como num sonho, segredou-me ao ouvido: "Amo-te cada vez mais".  Estas palavras foram como um sonho tornado realidade, uma realidade que, afinal, não passava de um sonho. Senti-me a pessoa mais feliz e  triste do mundo. No meu subconsciente sabia que aquilo era apenas um sonho.

 

A meio do percurso para sua casa, senti-a desfalecer. A diabetes, sua companheira de alguns anos a esta parte, atacara-a sem aviso prévio. Procurei o seu estojo de 1ª socorros, mas a única coisa que encontrei foi uma ampola de insulina vazia e uma seringa partida.

 

O que fazer? Nunca me deparara com uma semelhante situação.

 

Pousei o seu corpo inerte nas escadas e procurei ajuda. Para meu desespero, ninguém parecia interessado em ajudar. Finalmente, um homem que se identificou como médico, acompanhou-me ao local onde jazia o seu corpo e ordenou-me que arranjasse um copo de água com açúcar. Nestas situações, seria o procedimento mais correcto.

 

Corri até um café algures num dos pisos superiores, enquanto um pensamento assaltava o meu espírito: "Como pudera não me lembrar de algo tão simples como um copo de água com açúcar?! Depois de tantos anos à espera dela, será que merecia mesmo o seu amor?!"

 

Apesar de tudo não ter passado de um sonho estúpido, ainda hoje penso nele com carinho. No fundo, desejo que cada momento daquele sonho, um dia, possa tornar-se realidade...

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publicado por Criatura da Noite às 16:33