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QUEM ESPERA, DESESPERA

Domingo, 15.11.15

Enquanto o mundo ocidental chora as vítimas dos atentados de Paris ocorridos na passada sexta-feira, os portugueses aguardam impávidos e serenos a decisão do Presidente da República (PR), Anibal Cavaco Silva. Afinal, o que vai fazer o ainda PR? Indigitar António Costa para formar um Governo de esquerda, nomear um Governo presidencial que corre o risco de ser novamente chumbado no Parlamento, marcar novas eleições, esperar uma inspiração divina ou aguardar pacientemente que uma cagarra chegue das Ilhas Desertas para comunicar-lhe a decisão?

De facto, esta espera é totalmente incompreensível. Primeiro, foi a demora na indigitação de Pedro Passos Coelho como Primeiro-Ministro, agora é esta espera que que quase desespera.

Que poderes se movem por trás desta pseudoindecisão? Seria mesmo necessário aguardar 1 mês e 4 dias para o PR indigitar Pedro Passos Coelho, dando tempo ao PS de firmar 3 acordos à esquerda com vista ao chumbo do programa do novo Governo na Assembleia da República?

No meio de toda esta trapalhada política, continuamos sem Orçamento de Estado (OE) para 2016, sem Governo, a UE a ameaçar aplicar sanções pecuniárias a Portugal, caso não apresentemos em breve as principais linhas do OE e, por último mas não menos importante, as agências de rating a ameaçar baixar o nível de Portugal para 'lixo' (ou será 'mais lixo'?), levando os mercados a pressionarem a dívida pública portuguesa.

Perante este cenário a roçar o ridículo, não poderia deixar de vir à memória algumas famosas teorias da conspiração, entre as quais aquela que defende a existência do Grupo Bilderberg, um grupo restrito de pessoas que se reúne anualmente e que decide secretamente quais as políticas mundiais a adotar e a implementar. Apesar de Portugal não ter qualquer importância no xadrez geo-político mundial, o poderio económico de alguns países da UE não seria possível sem a existência de economias frágeis como a portuguesa ou a grega.

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publicado por Criatura da Noite às 21:00

A HIPOCRISIA OCIDENTAL

Sábado, 14.11.15

Mais uma vez, o Ocidente e, particularmente a Europa, acordaram sob um manto de terror. Ontem ao início da noite, vários homens armados com armas automáticas e cintos explosivos atacaram a tiro e à bomba diversos locais de Paris. O número de mortos ainda é incerto, mas já estão contabilizados pelo menos 130 vítimas mortais e mais de três centena de feridos, alguns em estado grave.

Os principais alvos foram o Estádio de França, onde decorria um jogo de futebol amigável entre as seleções francesa e alemã e o Bataclan, uma das mais conhecidas salas de espetáculo parisienses. Há ainda registo de outros ataques em restaurantes e cafés da capital francesa, não tendo sido espicificadas onde e quais. 

Os ataques terroristas já foram reinvindicados pelo Estado Islâmico (EI) que justificou os atos como sendo uma retaliação aos ataques levados a cabo pela França em território sírio.

De facto, estamos perante mais um ato bárbaro perpetrado por gente ignóbil que não tem a mínima noção do conceito de humanidade. No entanto, terão os europeus, ou melhor, os ocidentais que se consideram tão civilizados, noção do conceito de humanidade?

Os EUA e alguns países da Europa como a França, Alemanha ou Reino Unido consideram-se no direito de invadir países como o Iraque, o Afeganistão ou lançar ataques na Síria sob a eterna e sempre controversa capa da libertação daqueles povos. 

Contudo, só os ingénuos acreditam nesses argumentos. Muitas vezes, por detrás dessas invasões estão razões puramente economicistas como o controlo dos poços de petróleo ou o interesse das empresas ocidentais na reconstrução desses países. Após a invasão, "estabilização" e controlo político dos territórios ocupados ou atacados, assistimos, invariavelmente, a uma corrida desenfreada das empresas americanas e europeias rumo a esses territórios para "ajudarem" na sua reconstrução. Exemplo disso são o Afeganistão, o Iraque ou a Palestina. 

A par desta hipocrisia grotesca, ainda existem os crimes perpetrados pelas forças estrangeiras, supostamente, 'amigas'. É do conhecimento público, mas ainda tantas vezes abafado, que durante as invasões e ataques por forças estrangeiras ditas "civilizadas", um número ainda indeterminado de homens, mulheres e crianças são violados, abusados sexualmente e assassinados por aqueles que 'gritam' ao mundo inteiro que estão ali para ajudar. Curiosamente, os comentadores políticos e intelectuais não falam destes casos. Porque será?

Em suma, tão ignóbeis e bárbaros são os ataques terroristas perpetrados por elementos do EI em solo europeu, como o são as invasões levadas a cabo pelas forças ocidentais em territórios do Médio Oriente. No fundo, acabam por ser os mais fracos e inocentes a 'pagarem a fatura'.

Por isso, os ataques em território francês não me surpreendem. O que me surpreende é a tremenda hipocrisia da esmagadora maioria das pessoas e, particularmente, dos opinion makers e pseudointelectuais que julgam e condenam tão displicentemente os ataques terroristas.

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publicado por Criatura da Noite às 21:30